Thanos e Stark - A Maldição da Sabedoria
Por:
Elias Otávio
Se
você assistiu Vingadores: Guerra Infinita
já deve imaginar sobre que cena este post irá tratar, se não assistiu esteja
avisado que haverá Spoilers do filme.
Thanos
é um vilão diferente no universo cinematográfico da Marvel, logo no inicio do
filme vemos que sua visão de equilíbrio é compartilhada por seus seguidores,
ele é forte e tem grande poderio bélico a ponto de conseguir invadir planetas e
dizimar metade da sua população. Também demonstra grande inteligência tendo
ações estratégicas no decorrer da trama e igualmente frieza para seguir com
seus planos, mesmo que isso lhe custasse caro.
Talvez
o maior diferencial desse vilão não seja a ação em si, querer matar metade da
população para “trazer equilíbrio”,
mas em sua motivação, uma vez que diferente de outros Thanos não quer dominar a
galáxia, se vingar de um povo, governar a terra ou tomar a empresa de um
bilionário excêntrico, ele perdeu seu povo porque não havia o suficiente e
todos pereceram apenas ele sobrevivendo ao desastre.
Ao
chegar ao já destruído planeta Titã, sua terra natal, ele depara com Doutor
Estranho que estava portando a joia do tempo, um dos objetivos de Thanos, eles
conversam sobre a visão dele e o como surgiu essa ideia, nesse momento é
mostrado um pouco do passado de Titã e como era bonito, mas com o tempo
sucumbiu. Para ele metade da população era um preço razoável para a
sobrevivência da espécie, mas seu povo achou loucura e segundo ele por não lhe
darem ouvidos toda a sua raça foi extinta.
Do
outro lado dessa história temos Tony Stark, o Homem de Ferro, que passou por
uma longa jornada para está ali confrontando o Titã Louco, sendo considerado um dos personagens mais inteligentes,
nos filmes e quadrinhos, o personagem se destaca pela sua personalidade e
versatilidade quando se trata de combater o mal e criar armaduras incríveis.
Contudo ele também é um homem perturbado
por seus temores, já foi demonstrado tendo crise de ansiedade e no filme Vingadores: Era de Ultron ele tem uma
visão aterradora em que seus companheiros morrem e ele não consegue fazer nada.
Por
ser perseguido por essa visão ele resolve construir um sistema de inteligência
artificial para proteger o mundo, mas como bem sabemos isso foge do controle
resultando na destruição de metade de um país pequeno e muitos mortos e feridos.
Esses eventos inclusive levam a uma cisão mais tarde vista em Capitão América: Guerra Civil.
De
volta a Guerra Infinita temos o
embate entre os dois personagens [diga-se
de passagem, uma luta em tanto] até que em certo ponto Thanos afirma
conhecer Stark, que surpreso o questiona como o Titã sabia quem ele era, ao que
ele responde: “Não é o único amaldiçoado
com o conhecimento” [sabedoria, na versão dublada], essa frase pode parecer
apenas mais uma frase de efeito do filme, entretanto podemos entender com ela como
os dois enxergavam seus propósitos e como seu passado os afetava neles.
Ter
o conhecimento é em si uma responsabilidade, pois quando as pessoas sabem elas podem moldar o mundo a sua
volta, veja como os cientistas dedicaram suas vidas para provar conceitos, criar
cálculos e descobrir princípios que hoje são usados na nossa vida. Desde o
remédio que tomamos ao Smartphone que basicamente não vivemos sem, tem algum
principio científico para que eles possam ser fabricados na medida certa e com
as funções corretas.
Em
contrapartida existem pessoas que estão em uma situação parecida com a de
Thanos e Stark, o passado que os assombra influencia diretamente suas decisões
no futuro, os dois tem medo daquilo que pode acontecer e por causa disso tomam
atitudes extremas. Ter conhecimento e ter uma visão distorcida faz com que isso
vire uma maldição, um peso a ser carregado, não é incomum vermos pessoas
consideradas muitos inteligentes que são pessimistas, veem apenas o lado
negativo das situações, ou ainda pessoas que passaram por situações ruins e agora
vivem com medo que isso repita tornando-se assim pessoas ansiosas.
No
livro dos Salmos temos uma composição de Asafe, salmo 73, em que ele descreve a
prosperidade dos ímpios e chega a afirmar que teve inveja dos néscios (desprovidos de conhecimento) ao ver que os injustos
progrediam e não tinham preocupações. Segundo Asafe ao contemplar essas
situações ele pensou e sair dos caminhos de Deus “... os meus pés quase se desviaram”.
Asafe
era um profeta, salmista e músico, era um dos chefes dos músicos reais no reinado de Davi, ou seja, tinha
boa posição e claramente era um homem com grande conhecimento. Ainda assim o
vemos declarar em um de seus salmos sua angustia e pensamentos negativos, ele estava
perdendo a esperança, o peso de conhecer a verdade estava o sobrecarregando ao
ponto de desejar tomar atitudes que contradissessem o que ele pregava.
Quando
nos encontrarmos em momentos assim devemos procurar ter confiança no senhor,
para que mesmo estando abalados possamos emprestar
as palavras de Asafe: “A minha carne
e meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração, e a minha
porção para sempre” [salmo 73.26]
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