Homem-Aranha e a falta de compromisso
Por:
Elias Otávio
Peter
Parker, o amigão da vizinhança como também é conhecido, é um dos heróis mais
conhecidos e populares da Marvel agradando desde aquele leitor de quadrinhos
até as crianças criadas com Smartphone e tablets nas mãos e isso se deve pela
sua comum apresentação como um adolescente no ensino médio quem a partir de certo
momento ganha poderes extraordinários tendo que lidar com eles enquanto estuda
e planeja seu futuro, pessoal e profissional. Essas características o fazem um
pouco mais próximo de seus expectadores do que outros heróis que geralmente são apresentados como agentes secretos,
bilionários excêntricos, reis e até
mesmo deuses, ou seja, personagens um pouco distantes de nossa realidade, se
consideramos o longa de 2017, Homem-Aranha
de volta ao lar, vemos o personagem atualizado, com nova roupagem,
linguagem diferente, tecnologia diferente, mas uma coisa não muda, desde a
versão dos quadrinhos passando pelas animações até as outras duas encarnações
no cinema do cabeça de teia, podemos
perceber que Peter tem um problema com seu alter ego, esconder a identidade do
Homem-Aranha é uma tarefa tão
desafiadora quanto os vilões que ele enfrenta nas patrulhas a noite pelo
distrito do Queens.
O jovem herói
tem que lidar com criminosos à noite e entregar o dever de casa na manhã
seguinte, isso fica claro quando o s.r. Stark, o Homem de Ferro, convida Peter para ir até a Alemanha para ajudá-lo
em uma missão e ele reluta afirmando que tem dever de casa e por isso não
poderia o acompanhar, a cena de Guerra Civil
é cômica e ilustra perfeitamente as escolhas que devem ser feitas no
cotidiano do pupilo de Tony Stark, mesmo sob o disfarce de estagiário para ajudar
a alternância entre aluno e herói Parker equilibra muitos pratos para viver
essa vida dupla, sem falar no estresse que devia ser esconder isso da sua tia que
acreditava que ele estava aprendendo quando na verdade estava se pendurando nos
arranha-céus de Nova York. Por um tempo ele consegue sustentar a mentira, mas
logo seu amigo descobre que o aranha do
youtube era Peter e assim passa a guardar seu segredo e auxilia-lo se
autodenominando o nerd da cadeira do Homem-Aranha.
No
decorrer da trama passamos a perceber que o Homem-Aranha está tomando o lugar
de Peter Parker, motivado a mostrar seu valor como herói e até mesmo como um
adulto, que pode tomar suas próprias decisões, ele não gosta de ser visto como uma
criança que não tem responsabilidade e mesmo recebendo a recomendação de não
tomar a iniciativa de uma investigação ele resolve contrariar isso para provar
seu mérito, não percebendo a ironia que isso representava, o resultado de uma
ação imprudente leva os seus amigos a correr perigo e mais tarde expõe
inocentes ao um risco ainda maior. No diálogo que segue a cena da balsa o Homem
de Ferro chama a atenção de Peter para a responsabilidade, havia um plano a ser
seguido que tinha poucos riscos de danos a civis não era necessário que o herói
intervisse naquele momento, em sua irresponsabilidade pessoas poderia ter
morrido e se ele mesmo fosse morto Tony seria o culpado.
É possível
perceber que mesmo tendo as melhores das intenções o Cabeça de Teia não tinha
compromisso nem com o heroísmo nem com sua vida particular, mesmo que a princípio
pareça que ele prioriza uma em detrimento a outra a verdade é que ele
negligenciava as duas, as provas disso são as situações discutidas no paragrafo
anterior, a empolgação em ser herói o cegava a ponto de não entender os limites
do que poderia fazer e por dedicar a maior parte do seu tempo nisso faltava com
os outros compromissos na escola, com os amigos
e com a sua tia.
Talvez
a identificação que sentimos com o personagem tenha sua origem nesse mesmo
ponto, estamos sempre com mil coisas
a fazer e a todo o momento surgem mais, um trabalho, um passeio, uma
apresentação, afazeres domésticos e a lista segue, vivemos como se tivéssemos mais
de uma vida, uma para casa, uma para a escola ou faculdade, uma para o trabalho
e uma para a igreja e assim como Peter colocamos nosso tempo mais em uma do que
em outras, achamos comum falhar com nossos compromissos pois nos acostumamos a
dar desculpas para isso e assim seguimos as muitas vidas, com desleixo até o
dia em que inevitavelmente uma irá se confrontar com a outra e o resultado pode
ser muito desagradável e penoso para nós.
No
versículo 24 do capitulo seis do Evangelho de Mateus Jesus fala sobre servir a
dois senhores e as consequências dessa negligencia, odiar um e amar o outro, Jesus afirma que tal situação é insustentável
e nós precisamos de um posicionamento firme para que quando as intempéries da
vida se apresentarem possamos estar fundamentados no autor da salvação. Ter um
compromisso com Deus é também ser grato pelas oportunidades na vida secular,
muitos ao ganhar o emprego esperado, ou passar na faculdade tão sonhada deixam
de lado sua responsabilidade com o reino a fim de se dedicarem para o que é material
isso não significa que devemos negligenciar o que está no ambiente secular, mas
como diz o versículo 33 do mesmo capitulo:
“Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça, e as demais coisas vos serão
acrescentadas”.
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